segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O 11 de setembro que mudou a história do Chile, parte 2

A ECONOMIA SOB O COMANDO DE PINOCHET (1):


O Chile pode comemorar algum sucesso econômico. Mas isso foi resultado do trabalho do presidente Salvador Allende, que salvou a nação, milagrosamente, dez anos depois de ter sido assassinado a mando de Pinochet.

Estes são os fatos. Em 1973, ano em que o general tomou o governo, o índice de desemprego no Chile era de 4,3%. Em 1983, após 10 anos de modernização e livre mercado, o desemprego chegou a 22%. O salário real caiu cerca de 40% sob o regime militar. Em 1970, antes de Pinochet subir ao poder, 20% da população chilena vivia na pobreza. No ano em que o "presidente" Pinochet deixou o cargo, o número de destituídos havia dobrado para 40%. Que milagre!

Pinochet não destruiu a economia do Chile sozinho. Foram precisos nove anos de trabalho duro das mentes mais brilhantes da academia, aquela corja de trainees de Milton Friedman, os Garotos de Chicago. Seguindo os feitiços teóricos, o general aboliu o salário mínimo, cassou os direitos trabalhistas negociados pelos sindicatos, privatizou a previdência social, acabou com todos os impostos sobre renda e lucro, fez cortes drásticos no funcionalismo público, privatizou 212 estatais e 66 bancos e produziu superávit fiscal. O general empurrou a nação adiante na trilha "neoliberal" (livre mercado), no que seria logo seguido por Thatcher, Reagan, Bush, Clinton e o FMI.

Mas o que aconteceu realmente no Chile? Livre da presença opressiva da burocracia, dos impostos e dos sindicatos, o país deu um grande salto... para a bancarrota. Após nove anos de medidas econômicas ao estilo de Chicago, a indústria chilena definhou e morreu. Em 1982 e 1983, o produto interno caiu 19%. Isso é recessão. A experiência do livre mercado estava acabada e não tinha sobrado nenhum tubo de ensaio inteiro. O chão do laboratório estava forrado de sangue e cacos de vidro.

Ainda assim, com uma ousadia extraordinária, os cientistas loucos de Chicago declararam vitória.

Nos Estados Unidos, o Departamento de Estado do presidente Ronald Reagan divulgou um relatório conclusivo: ''O Chile é um estudo de caso sobre uma gestão econômica sadia?''. O próprio Milton Friedman cunhou a frase ''O Milagre Chileno''. O economista Art Laffer, discípulo de Friedman, vangloriava-se de que o Chile de Pinochet foi ''um exemplo do que a economia supply-side pode fazer.''

Certamente. Para ser mais exato, o Chile foi um exemplo de desregulamentação completamente fora de controle. Os Garotos de Chicago convenceram o governo militar de que o fim das restrições aos bancos nacionais iria libertá-los para atrair o capital estrangeiro, que financiaria a expansão industrial (uma década depois, tal liberalização do mercado de capitais se tornaria condição sine qua non para a globalização). Seguindo esse conselho, Pinochet vendeu os bancos estatais por um preço 40% abaixo do book value, o valor contabilístico, e eles caíram rapidamente nas mãos de dois conglomerados imperiais controlados pelos especuladores Javier Vial e Manuel Cruzat. Com os bancos nas mãos, Vial e Cruzat drenaram dinheiro para comprar todas as indústrias que podiam e então alavancaram esses ativos com empréstimos de investidores estrangeiros ávidos por conseguir uma fatia do bolo estatal.

E assim as reservas dos bancos foram entulhadas com títulos podres de empreendimentos afiliados.

Pinochet deixou os especuladores à vontade por muito tempo. Ele foi convencido de que o governo não deveria interferir na ''lógica'' do mercado. Em 1982, o jogo financeiro no Chile havia acabado. Os grupos de Vial e Cruzat ficaram inadimplentes. Indústrias foram fechadas, a previdência privada não valia mais nada, o câmbio teve uma síncope. As greves e os protestos de uma população faminta e desesperada demais para temer os fuzis fizeram Pinochet mudar o rumo da economia. E ele chutou seus queridinhos experimentalistas de Chicago.

Ainda de maneira relutante, o general ressuscitou o salário mínimo e devolveu aos sindicatos a condição de negociar coletivamente os direitos trabalhistas. Pinochet, que havia dizimado o funcionalismo público, aprovou um programa para a criação de 500 mil empregos. Seria o equivalente, nos Estados Unidos, ao governo contratar 20 milhões de pessoas. Em outras palavras, o Chile saiu da recessão graças ao maçante e antiquado remédio keynesiano: 100% Franklin Roosevelt, 0% Ronald Reagan. O governo militar instituiu uma lei restringindo a entrada do capital estrangeiro ? uma das poucas remanescentes até hoje na América do Sul.

As táticas do New Deal resgataram o Chile em 1983, mas a recuperação de longo prazo e o crescimento do país desde então são resultado - tape os ouvidos das crianças - de uma boa dose de socialismo. Para salvar a previdência social do país, Pinochet estatizou os bancos e a indústria numa escala inimaginável para o socialista Allende. O general simplesmente desapropriou à vontade, oferecendo pouco ou nada em troca.

Apesar de a maioria dessas empresas acabar voltando, após um período, para a iniciativa privada, o Estado continuou a ser proprietário da indústria do cobre.

A especialista em metais da Universidade de Montana, dra. Janet Finn, afirma: ''É absurdo retratar uma nação como exemplo do milagre da livre iniciativa quando o motor da economia continua nas mãos do governo'' (e não apenas nas mãos do governo. Uma lei de Pinochet, ainda em vigor, dá aos militares 10% dos rendimentos estatais com o cobre). Do cobre vêm entre 30% e 70% dos ganhos do país com exportações. Essa é a moeda forte que construiu o Chile de hoje, a produção das minas da Anaconda e da Kennecott, estatizadas em 1973: o presente póstumo de Allende a seu país.

O agronegócio é a segunda locomotiva da economia chilena. E esse é outro legado do governo de Allende. Segundo o professor Arturo Vasquez, da Universidade Georgetown, a reforma agrária de Allende, ou seja, o desmantelamento dos estados feudais (que Pinochet não conseguiu reverter totalmente), criou uma nova classe de lavradores-proprietários. Aliada a empresas e cooperativas, essa classe gera hoje um montante de exportações capaz de rivalizar com o cobre. ''Para conseguir um milagre econômico'', diz Vasquez, ''talvez seja necessário ter antes um governo socialista que faça a reforma agrária.''

Então é isso. Keynes e Marx, e não Milton Friedman, salvaram o Chile.


- Texto do jornalista investigativo Greg Palast, do livro ''A melhor democracia que o dinheiro pode comprar''.



Teleologia infantil e crença em deus

 (O psicólogo Paul)''Bloom também sugere que temos uma predisposição inata para ser criacionistas. A seleção natural "não faz sentido intuitivamente". As crianças são especialmente propensas a dar um propósito a tudo, como afirma a psicóloga Deborah Keleman em seu artigo "São as crianças 'teístas intuitivas'?".81 Nuvens servem "para chover". Pedras pontudas servem "para os animais poderem se coçar nelas". A designação de um propósito para tudo é denominada teleologia. As crianças são teleológicas por natureza, e muitas nunca abandonam a característica. O dualismo inato e a teologia inata nos predispõem, sob as condições certas, à religião, assim como a reação à bússola de luz de minhas mariposas as predispunha ao "suicídio" inadvertido. Nosso dualismo inato nos prepara para acreditar numa "alma" que habita o corpo, em vez de ser parte integrante do corpo. É fácil imaginar um espírito imaterial assim indo para algum outro lugar depois da morte do corpo. Também é fácil imaginar a existência de uma divindade que seja puro espírito, não uma propriedade que emerge da matéria complexa, mas que existe independentemente da matéria. Mais óbvio ainda, a teleologia infantil nos deixa prontos para a religião. Se tudo tem um propósito, qual é esse propósito? O de Deus, é claro. Mas qual é o equivalente da utilidade da bússola de luz das mariposas? Por que a seleção natural pode ter favorecido o dualismo e a teleologia no cérebro de nossos ancestrais e de seus filhos? Por enquanto, meu relato sobre a teoria dos "dualistas inatos" propôs simplesmente que os seres humanos são dualistas e teleólogos por natureza. Mas qual seria a vantagem darwiniana? Prever o comportamento de entidades de nosso mundo é importante para nossa sobrevivência, e seria de esperar que a seleção natural tivesse moldado nosso cérebro para fazê-lo com eficácia e rapidez. Será que o dualismo e a teleologia nos são úteis para essa capacidade? Talvez compreendamos melhor essa hipótese à luz daquilo que Daniel Dennett chamou de postura intencional. Dennett oferece uma classificação tripla útil para as "posturas" que adotamos quando tentamos entender e portanto prever o comportamento de entidades como animais, máquinas ou uns aos outros.82 São elas a postura física, a postura de projeto e a postura intencional. A postura física sempre funciona em tese, porque tudo acaba obedecendo às leis da física. Mas compreender as coisas usando a postura física pode demorar demais. Até que tenhamos nos sentado e calculado todas as interações das partes móveis de um objeto complicado, nossa previsão sobre seu comportamento provavelmente vai estar atrasada. Para um objeto que realmente tenha sido projetado, como uma máquina de lavar roupa ou um arco para lançar flechas, a postura de projeto é um atalho económico. Podemos adivinhar como o objeto vai se comportar passando por cima da física e apelando direta-mente ao design. Dennett diz: Quase todo mundo é capaz de prever quando o alarme de um relógio vai tocar, com base na mais simples inspeção de seu exterior. Ninguém sabe nem quer saber se ele é movido a corda, a bateria, a energia solar, feito com roldanas de metal e mancai de pedra preciosa ou de chips de silício — simplesmente se assume que ele foi projetado para que o alarme toque quando está marcado para tocar. Os seres vivos não foram projetados, mas a seleção natural darwiniana nos permite adotar uma versão da postura de design para eles. Obtemos um atalho para entender o coração se assumimos que ele foi "projetado" para bombear o sangue. Karl von Frisch foi levado a investigar a visão colorida das abelhas (dian-te da opinião ortodoxa de que elas não distinguiam cores) porque assumiu que as cores vivas das flores foram "projetadas" para atraí-las. As aspas foram projetadas para espantar criacionistas desonestos que senão poderiam reclamar o grande zoólogo austríaco para o seu time. Nem é preciso dizer que ele foi perfeitamente capaz de traduzir a postura de projeto para os termos darwinianos adequados. A postura intencional é outro atalho, e dá um passo além da postura de projeto. Assume-se que uma entidade não só foi projetada para um fim mas que também é, ou contém, um agente com intenções que orientam suas ações. Quando você vê um tigre, é melhor não demorar muito para prever o provável comportamento dele. Deixe para lá a física de suas moléculas, deixe para lá o design de membros, garras e dentes. Aquele felino quer comê-lo, e vai empregar seus membros, patas e dentes de formas flexíveis e habilidosas para concretizar sua intenção. O meio mais rápido de adivinhar o comportamento dele é esquecer a física e a fisiologia e passar à busca pela intenção. Note que, assim como a postura de projeto funciona mesmo para coisas que não foram realmente projetadas, assim como para as que foram, a postura intencional funciona para coisas que não têm intenções conscientes deliberadas, assim como para coisas que têm. Parece-me inteiramente plausível que a postura intencional tenha valor de sobrevivência como mecanismo cerebral que acelera a tomada de decisões em circunstâncias perigosas e em situações sociais cruciais. Não fica tão imediatamente claro que o dualismo é um concomitante necessário da postura intencional. Não explorarei a questão aqui, mas acredito ser possível desenvolver a tese de que algum tipo de teoria de outras mentes, passível de ser descrita como dualista, tende a ser subjacente à postura intencional — especialmente em situações sociais complicadas, e ainda mais especialmente onde a intencionalidade de ordem mais elevada está em jogo. Dennett fala da intencionalidade de terceira ordem (o homem achou que a mulher sabia que ele gostava dela), de quarta ordem (a mulher percebeu que o homem achava que ela sabia que ele gostava dela) e até de quinta ordem (o xamã adivinhou que a mulher percebeu que o homem achava que ela sabia que ele gostava dela). Ordens muito elevadas de intencionalidade são reservadas provavelmente à ficção, como satirizou o hilariante romance de Michael Frayn The tin men [Homens de lata]: "Observando Nunopoulos, Rick soube que ele tinha quase certeza de que Anna sentia um fervoroso desprezo pelo fato de Fiddling-child não ter percebido o que ela sentia por Fiddlingchild, e ela sabia também que Nina sabia que ela sabia que Nunopoujos sabia [...]". Mas o fato de que somos capazes de rir com tamanho contorcionismo ficcional da inferência em outras mentes prova-velmente nos revela algo de importante sobre a forma como nossa cabeça foi naturalmente selecionada para funcionar no mundo real. Em suas ordens menos elevadas, pelo menos, a postura intencional, assim como a postura de projeto, economiza um tempo que pode ser vital à sobrevivência. Em conseqüência, a seleção natural moldou os cérebros a empregar a postura intencional como atalho. Somos biologicamente programados para imputar intenções a entidades cujo comportamento nos interessa. Mais uma vez, Paul Bloom cita evidências experimentais de que as crianças são especialmente propensas a adotar a postura intencional. Quando bebés vêem um objeto que aparentemente segue um outro objeto (por exemplo numa tela de computador), eles assumem que estão testemunhando uma caçada ativa por parte de um agente intencional, e demonstram esse fato manifestando surpresa quando o suposto agente abandona a perseguição. A postura de projeto e a postura intencional são mecanismos cerebrais úteis, importantes para acelerar a previsão de comportamentos de entidades que
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influenciam na sobrevivência, como predadores ou parceiros em potencial. Mas, assim como outros mecanismos cerebrais, essas posturas podem dar errado. As crianças, e os povos primitivos, imputam intenções ao clima, a ondas e correntes, a pedras que caem. Todos nós tendemos a fazer a mesma coisa com máquinas, especialmente quando elas nos deixam na mão. Muitos vão se lembrar com carinho do dia em que o carro de Basil Fawlty* quebrou no meio de sua missão vital para salvar a Noite Gourmet do desastre. Ele foi justo e avisou, contando até três, e então saiu do carro, pegou um galho e atacou o carro sem dó nem piedade. A maioria de nós já sentiu isso, pelo menos por um instante, se não por um carro, por um computador. Justin Barrett cunhou a sigla HADD, para dispositivo hiperativo de detecção de agente.** Detectamos de forma hiperativa agentes onde eles não existem, e isso faz com que suspeitemos de maldade ou bondade quando na verdade só há indiferença na natureza. Eu me pego alimentando um ressentimento feroz contra coisas inanimadas e inocentes como a corrente da minha bicicleta. Uma notícia recente deu conta de que um homem tropeçou num cadarço desamarrado no Museu Fitzwilliam, em Cambridge, caiu e quebrou três vasos da dinastia Qing de valor incalculável: "Ele caiu no meio dos vasos e eles se quebraram em milhões de pedacinhos. Ele ainda estava lá, sentado e assustado, quando os funcionários apareceram. Todo mundo ficou em silêncio, como que em choque. O homem ficava apontando para o cadarço, dizendo: 'Aí está ele; esse é o culpado'.''

domingo, 29 de dezembro de 2013

Lindinalva, a jumenta falante do facebook.

Esse ser mencionado no título do post, Lindinalva, é uma daquelas viúvas da ditadura, membro da direita tacanha e idiota que vem surgindo no Brasil. Esse post foi especialmente escrito para refutar as asneiras que ela disse em um comentário do evento humorístico ''Golpe Comunista 2014!'', comparando os supostos ótimos números de educação, saúde, segurança, economia e bem-estar popular  na época da ditadura com os atuais, advindos do governo federal do PT. Deliciem-se, e lembrem-se de jamais - J-A-M-A-I-S - defender esta triste época da história da nossa nação, marcada pelo endividamento, pelo sofrimento do trabalhador, pelas torturas nos porões e pela repressão midiática. As afirmações dela estão em vermelho e com aspas, e minhas respostas vêm logo abaixo (também uso aspas para indicar discursos de outros autores).

''Maior escândalo de corrupção da história contemporânea do Brasil;'' 

E o tremsalão tucano? E a corrupção na ditadura? Essas porras não existiram?

''Maior dívida interna de todos os tempos, 2,3 (dois trilhões e trezentos milhões de reais) E, dívida externa de 300 (trezentos bilhões de dólares); Inflação e juros em alta;''

DE ONDE CÊ TIROU ESSES NÚMEROS, SUA LOUCA? A dívida externa, no final do governo do Lula, caiu pra zero. A interna, subiu pra 1,4 trilhões, é verdade. Mas a dívida externa zerou. 

Segundo o link do Diogo, ''Para o Brasil, pouca ou nenhuma diferença faz para quem deve, o fato é que a dívida não só continua como aumentou'', o que é uma mentira. Faz sim. Nós aqui podemos controlar as taxas de juros que os credores brasileiros cobram, para que não sejam abusivos. Não temos o mesmo poder em relação ao mercado externo de crédito. Quanta à inflação? Fechamos o ano com mais ou menos 5% de inflação. O ano de 1985 fechou com 202% de inflação. Pequena diferença, não? Vamos ver um pouco do que o Cláudio Vicentino tem a nos dizer sobre 1974-1980: ''Esse crescimento (da economia e do PIB) não trouxe desenvolvimento. A distribuição de renda sofreu uma completa distorção.Em outras palavras: os ricos ficaram mais ricos e os pobres conseguiram a verdadeira proeza de... ficarem mais pobres. A maioria dos brasileiros não se beneficiou do 'milagre'. Isso porque a nossa crescente dependência do exterior e do capital estrangeiro levou-nos, muitas vezes, a produzir não o que era fundamental para a nossa população, mas o que era lucrativo para as multinacionais. O crescimento brutal da dívida externa obrigou-nos a exportar o que podíamos e o que não podíamos, diante da desesperada necessidade de obter dólares para pagar os juros e amortizar a dívida (que entre 64 e 80 passara de aproximadamente 3,5 bilhões de dólares para 77 bilhões). Esses fatores já eram suficientes para demonstrar que o 'milagre brasileiro' não tinha bases sólidas. E se a isso acrescentarmos o fato de que o regime deu pouquíssima atenção aos setores da saúde e da educação - que são fundamentais para o bom desempenho de uma economia moderna (Nota: o governo militar chegou a investir só 1% do PIB na educação. Fonte: http://www.epsjv.fiocruz.br/upload/d/cap_6.pdf , quanto à educação naquela época: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb10.htm e http://a24horas.com/destaques/analise-da-educacao-no-periodo-da-ditadura-militar-brasileira-e-os-reflexos-e-saidas-para-a-educacao-atual/)- Chegamos à conclusão de que as bases do crescimento econômico daquele período não eram apenas pouco sólidas; na realidade, elas eram falsas. E ninguém percebia isso? Claro que sim. Alguns, claramente, enquanto muitos outros desconfiavam que algo não ia bem. Mas a propaganda, a repressão policial e a imprensa mantinham todos em prudente silêncio. E os poucos que se manifestavamm eram rapidamente retirados de circulação, acusados de contestadores, subversivos e... comunistas. A partir de 1974, porém, aquilo sobre que os tais 'contestadores' vinham tentando alertar - e até evitar - finalmente aconteceu. A economia mundial passou do crescimento à recessão. Os choques do petróleo pressionaram negativamente o balanço brasileiro de pagamentos. As taxas internacionais de juros subiram, as exportações ficaram mais difíceis, e nossos credores começaram a nos apertar. Internamente, a classe média, já empanturrada de bens de consumo duráveis, não tinha mais condições de ampliar seu consumo, enquanto a classe baixa, ganhando salários ínfimos, jamais poderia consumir a quantidade de produtos despejados no mercado. Resultado: as indústrias comelaram a ter dificuldade de vender sua produção(...)''. Fonte: Coleção de História Anglo, volume 3. Nem isso vocês leem, né?

ACHOU POUCO? Vamos ver o que Evaldo Vieira têm a dizer sobre as condições do trabalhador naquela época:

''O crescimento econômico do país repousava, em grande parte, no desempenho do setor industrial. Mas não foi apenas e principalmente o desempenho do setor industrial que se responsabilizou pelo crescimento do PIB. Houve também aumento do total de investimentos estrangeiros e estatais no Brasil. Este fato acabou provocando o aumento da dívida externa, que passou de 3,9 bilhões de dólares em 1968, para além de 12,5 bilhões de dólares em 1973. Assim, no governo de Médici, enquanto se festejava a embriaguez do dito 'milagre econômico', a dívida externa do Brasil crescia bem mais de 3 vezes. Os tecnoburocratas, que circulavam em volta dos enormes poderes do presidente da república, polemizavam sobre a distribição de renda à população¹. Uns preocupavam-se em distribuí-las durante o próprio curso do desenvolvimento econômico. Outros achavam necessário aumentar o tamanho do bolo, para depois repartí-lo. Têm-se a impressãod de que a ''teoria do bolo'' prevaleceu. O bolo era mínimo e poucos privilegiados levaram-no para casa. O povo não pôde prová-lo. É possível, devido à ampliação da dívida externa, que nem houvesse bolo, a não ser nas cabeças dos tais técnicos governamentais e nas fantasias projetadas pela propaganda política da presidência da república. Imagine-se o quadro melancólico dos assalariados, sem horizonte azul, tão pouco lembrado pelos discípulos da euforia. Dentro do período que se denominou 'milagre econômico', as condições pioravam para quem trabalhava. Em 1969, a produtividade real foi de 5,9 , mas os reajustes salariais tiveram seu cálculo com base em 3,0. Em 1971, a produção real foi de 8,1 , mas os reajustes salariais tiveram seu cálculo com base em 3,5. Em 1973, a produtividade real foi de 8,4 , mas os reajustes salariais tiveram seu cálculo com base em 4,0. As diferenças entre esses índices evidenciam a queda nos salários, cujos aumentos não correspondiam sequer aos discutíveis índices de produtividade real, obra dos donos do governo. Por outro lado, nunca é demais examinar a questão da alimentação dos trabalhadores. Analisando-se o tempo de trabalho necessário para se comprar os alimentos mínimos, conforme o Decreto-Lei nº399 de 1938, constatam-se muitas dificuldades dos assalariados. Em 1969, eram necessários 110 horas e 23 minutos, a fim de comprar-se a alimentação mínima, de acordo com o citado Decreto-Lei. EM 1973, eram necessárias 147 horas e 4 minutos para adquirir-se a mesma alimentação. Em nome do 'milagre brasileiro', ou do 'aumento do bolo', a maioria da população trabalhava mais, para comer. 

Mergulhados no silêncio imposto pela repressão política e nas mágicas divulgadas pela 
propaganda governamental, muitas pessoas comemoravam o SEU milagre econômico, ao passo que 
o restante dos brasileiros assistia à festas bem programadas. A maioria do povo sentia a vida sem milagre!''. Fonte: A República Brasileira: 1964-1984, págs 38 e 39.

TÃO AÍ EM CIMA, BANDO DE DESGRAÇADOS SAUDOSISTAS DA PORRA DA DITADURA, OS RESULTADOS DESSE REGIME NOJENTO.

''A quebra da Petrobras, maior empresa da América Latina, com dívida de 7,3 (sete bilhões e trezentos milhões de reais);''

O pai de um amigo meu, que trabalha lá a 30 anos, acha que a petrobrás está muito melhor que antigamente. Eu particularmente não sei, e vou pesquisar mais sobre o assunto.

''20 milhões de brasileiros na extrema pobreza e descontrole total do programa do bolsa família, que apenas serve para manter o voto cabresto, para perpetuar no poder;''

O BOLSA FAMÍLIA TIROU 10 MILHÕES DE PESSOAS NA MISÉRIA E AINDA FORTALECEU A ECONOMIA, SUA FDP. Para cada 1 real investido no programa, 1,44 retornavam. Fontes: http://www.istoe.com.br/assuntos/editorial/detalhe/170230_OS+EMERGENTES+DO+BOLSA+FAMILIA , http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/desistencia-do-bolsa-familia-chega-a-40.html , http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=17977.
 O bolsa família não é só pra manter voto de cabresto. Melhorou a vida de muita gente. O governo o complementou com os cursos do PRONATEC, e se tudo der certo, nós ainda faremos com que o imposto sobre grandes fortunas seja acionado para reduzir ainda mais a miséria e a desigualdade. OS MILICOS DESGRAÇADOS PODIAM TER ACABADO COM A PORRA DA MISÉRIA SE QUISESSEM, MAS NÃO FIZERAM ISSO. Sabe por quê? Porque eram um bando de corruptos lacaios das empresas e do capital estrangeiro =)  . Com suas palavras, o grande Edmar Bacha:

''Caso houvesse a intenção de resolver a intenção de resolver o problema da miséria no Brasil, qual seria a magnitude do problema a enfrentar? Para obter uma aproximação numérica, consideremos os dados de 1970, processados pelo Banco Mundial. Dividamos as famílias brasileiras em 2 grupos, de um lado os 40% mais pobres, de outro, os 60% acima de uma linha de demarcação da pobreza, que situamos em Cr$186,80 por mês (a preços de setembro de 1970).Tal era a renda média do decil de distribuição situado imediatamente acima dos 40% mais pobres. Essa renda mensal familiar praticametne iguala o salário mínimo vigente na época do Censo, o qual era de Cr$187,20 em São Paulo e Rio de Janeiro. De acordo com o Censo, a renda média das famílias brasileiras era de Cr$444,60 por mês. Já a renda média dos 40% mais pobres alcançava apenas Cr$85,60 por mês. Nessas condições, para que a renda de todas as famílias pobres (ou seja, os 40% abaixo da linha de pobreza previamente demarcada) alcance o valor de Cr$186,80 por mês, a porcentagem de renda total que precisa ser transferida dos não-pobres para os pobres pode ser calculada através da expressão:

                          0,4 x 186,60 - 85,60/444,60 = 0,09

Ou seja, para ELIMINAR a miséria no Brasil, o problema da miséria no Brasil, é preciso transferir 9% da renda total dos 60% mais ricos para os 40% mais pobres. Após esta transferência, os 40% mais pobres disporão de 17% da renda total do país, que é um valor apenas ligeiramente inferior à proporção encontrada na distribuição de renda das democracias ocidentais. Faz pouco sentido político ou econômico redistribuir renda de todos aqueles que estão acima da linha de pobreza antes definida. Os 9% de renda a serem transferidos aos mais pobres deviam sair predominantemente da renda dos 10% mais ricos, que atualmente se apropriam da desmesurada proporção de 49% da renda total. Após a transferência de renda, os 10% mais ricos continuarão desfrutando de 30% da renda total, o que é um valor compatível com os valores observados não só nas democracias ocidentais, como também em países em desenvolvimento, como Formosa e Coreia do Sul''. Fonte: Política Econômica e Distribuição de Renda, págs 60 e 61. Isso aí era de 1978.

EM RESUMO: OS MILICOS DA DITADURA ERAM UM BANDO DE FDP'S QUE ESTAVAM CAGANDO PRO POVO. E a asna ainda me vem com uma imagem dessas:


''Maior quantidade de Ministérios do planeta (39 ministérios para abrigar o maior cabine de emprego do mundo),lembre-se no Regime Militar era apenas 12 ministérios''

Pois é, o regime militar chegou a investir só 1% do PIB na saúde, tinha péssimas condições
de IDH e escolaridade, como já foi demonstrado acima, e eu faço o favor de repetir o quão ruim estava o país quando saiu das mãos dos militares:
 Também fez a inflação subir de 88% a 202% ao ano só de 1981 a 1984 e os trabalhadores e estudantes sofriam o diabo a quatro sem poder reclamar um pingo. Eu prefiro os 39 ministérios, apesar de achar que eles deveriam ser reduzidos e que tanto o salário quanto o número de políticos deveriam ser diminuídos também.


''Sucateamento das Forças Armadas e desmotivação da tropa''

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/11/1373860-projetos-militares-lideram-investimentos-do-governo-federal.shtml

''A Saúde na UTI a Educação um caos e Segurança a mais insegura da república, com mais de 50 mil mortes e desaparecidos ao ano. Lembre-se no Regime Militar, foi de menos de 500 mortos e desaparecidos em 21 anos, nos confrontos de militares nacionalistas e guerrilheiros terroristas, sem contar o "tribunal de justiçamento" dos guerrilheiros comunistas, onde os companheiros matavam uns aos outros, era o pacto firmado por eles''

Sobre a educação, eu já falei que ela é muito melhor do que na ditadura, o IDH de hoje dá porrada no IDH da época dos milicos. Sobre a segurança:

''O presente ensaio surgiu a partir de uma discussão em sala de aula do curso de Ciência Política na Faculdade América Latina, em Caxias do Sul/RS.
 Discutia-se a questão da violência. Um de meus alunos, ferrenho defensor de regimes ditatoriais, ergueu a voz afirmando que no Regime Militar Brasileiro (1964-1985) não havia criminalidade, não tinha violência e que um cidadão podia sair à noite e nada lhe aconteceria. No entanto, agora no período democrático todos tinham medo de sair na rua.
“Que democracia é esta?”, exclamou ele. Esta é uma pergunta extremamente interessante e que todos aqueles que defendem o período militar a “tiram do bolso” em qualquer situação. É quase como uma afirmação de fé: não se comprova cientificamente a existência de determinado fenômeno religioso. É como uma verdade absoluta que está escrita em um “livro sagrado” e é intocável.Não podemos afirmar que inexistia criminalidade no período militar. Existia, mas não nas mesmas proporções dos dias de hoje. No entanto, o que os defensores do extinto regime se esquecem de contar é que ao longo dos sucessivos governos democraticamente escolhidos pelo povo brasileiro (Eurico Gaspar Dutra, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart) tinha uma violência inferior ao do período militar''.
Fonte: Ensaio sobre Ditadura, criminalidade, democracia, liberdade e criminalidade no Brasil repúblicano- Rodrigo Santos de Oliveira; retirado do link: http://www.seer.furg.br/hist/article/view/3160/1827

Agora mostre suas fontes de que ''no Regime Militar, foi de menos de 500 mortos e desaparecidos em 21 anos''.

Links legais:
http://www.historiazine.com/2011/08/o-cidadao-brasileiro-sob-a-ditadura.html
(Abram o vídeo no youtube e observem os links na descrição)


Sintetizando: QUE VÁ TOMAR NO CU TODO MUNDO QUE PREFERE A DITADURA MILITAR ASSASSINA À NOSSA DEMOCRACIA PROGRESSISTA!

E fico por aqui.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Discurso

 ''O orgulho nacional é, para os países, o que a auto-estima é para os indivíduos: uma condição necessária para o auto-aperfeiçoamento'', disse o filósofo norte-americano Richard Rorty em seu livro Achieving Our Contry, e sinto que devo concordar com ele. Somente quando um povo se orgulha de si como nação, quando possui uma imagem inspiradora de seu país, é que este pode progredir, pois é quando o povo, na exigência de melhorias imediatas, faz seus governantes trabalharem em prol da população.

 Para compreender melhor isso, basta lembrar das manifestações de meados de 2013: quando questionados e pressionados pelo povo, os governantes imediatamente agiram, atendendo às requisições feitas. As manifestações, ainda que marcadas por um triste antipartidarismo (que é infelizmente compreensível, graças aos escândalos de corrupção que se ouve todo dia), foram palco de um belo nacionalismo, de identificação do cidadão com um algo maior, algo que rompe as barreiras do preconceito racial, sexual ou regional, que exalta as semelhanças ao invés das diferenças.

 Nós, brasileiros, estamos acostumados a ter uma visão negativa do nosso país. Séculos tristes compostos por escravidão, ditadura, corrupção e subdesenvolvimento não sairão tão cedo das nossas memórias. Nós desenvolvemos um angustiante complexo de inferioridade, e tudo passou a parecer melhor do que aquilo que o Brasil tem a oferecer -sejam as condições de alimentação em Cuba, seja o desenvolvimento de um EUA ou Japão. O problema desse sentimento é que ele impede o nosso progresso: começamos a acreditar que as coisas JAMAIS mudarão, que NENHUMA atitude pode ajudar o país, que NADA adiantará para transformá-lo... E este sentimento precisa de um basta.

 Nós esquecemos que também possuímos nossas pequenas glórias, nossas vitórias. Esquecemos que foi a nossa força como população que deu fim à ditadura. Esquecemos que nosso povo é famoso, no exterior, como um povo trabalhador, alegre e acolhedor. Esquecemos que é mérito do nosso governo a criação de um programa que tirou milhões da miséria, com um mínimo gasto do PIB -programa esse que agora é elogiado pela ONU e indicado para outros países. Como qualquer outra nação, a nossa  apresenta altos e baixos, ainda que talvez os baixos superem os altos. Nossos resultados em educação ainda são ruins, é verdade. A desigualdade econômica causa pena. O estado da saúde pública é de causar vergonha. Mas nós nos encontramos numa situação muito melhor que a de tempos anteriores. Nós progredimos, e caso se estudem os detalhes dessas mudanças progressistas, ver-se-á que um forte desejo de melhorar as condições de vida do povo brasileiro está enraizado em cada uma delas. E é esse mesmo desejo que devemos carregar para as urnas nas eleições de 2014(e não só nelas), para de fato melhorar o país.

 Espero que não confundam esse discurso com o discurso ufanista da ditadura militar. Os militares invocaram o nome da nação para dar a luz à um regime violento, opressor, catastrófico. O orgulho nacional que eu exalto aqui é outra coisa: trata-se de uma paixão pelo ideal da democracia, pela inclusão das camadas oprimidas, pelo direito à livre-expressão, pela redução da desigualdade econômica. Trata-se de uma fé fervorosa no país -uma fé sem dogmas e sem superstições, porém.

 O meu desejo, ou melhor, o meu pedido à todos aqueles que leram ou ouviram esse discurso é o seguinte: despertem para o seu país, para o seu povo. Por algum tempo, abandonem as futilidades -o consumo alienado, a procrastinação- e preocupem-se com a nossa situação. Encham seus corações com o mesmo desejo flamejante que moveu todos aqueles cidadãos que, na década de 80, ressuscitaram a democracia tupiniquim. Pintem suas caras, façam faixas, visitem sindicatos, entrevistem políticos, definam suas causas e vão às ruas. O ano de 2013 mostrou que o povo brasileiro, com razão, não está satisfeito com o estado de seu país. Somente novas manifestações, unida à uma verdadeira politização da população, será capaz de trazer as mudanças necessárias.

 O gigante ainda não acordou, mas podemos ter certeza que isso acontecerá quando ele sentir o calor dentro de seu peito -quando ele sentir que a paixão do povo brasileiro por seu país é maior que seus problemas, e que ela pode resolvê-los.