quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Noções básicas de materialismo histórico

 Karl Marx, influenciado pelos filósofos alemães Feuerbach e Hegel, criou um método de análise da realidade, o materialismo histórico, que parte da seguinte constatação:

''Para viver, é necessário, antes de mais nada, beber, comer, ter  moradia, vestir-se etc. O primeiro fato histórico é, pois, a produção dos meios que permitem satisfazer essas necessidades, a produção da própria material; trata-se de um fato histórico, de uma condição fundamental de toda a história que é necessário hoje, tanto quanto há milhares de anos, executar, dia a dia, hora a hora, a fim de manter os humanos vivos.'' (A Ideologia Alemã)

 Para realizar essa produção da vida material, são necessários alguns fatores:

- Os recursos naturais e equipamentos que são usados na produção, aos quais chamamos meios de produção;
- Energia humana ou animal que é aplicada sobre esses meios de produção, a chamada força de trabalho;

 Meios de produção e força de trabalho, juntamente com as técnicas de produção, compõem as forças produtivas.

 Ao empregarmos força de trabalho sobre os meios de produção, realizamos trabalho e geramos produto. As formas nas quais essa produção é realizada, as chamadas relações de produção, variam muito no decorrer da História, e dependem do grau de desenvolvimento das forças produtivas. Na antiguidade, por exemplo, a propriedade dos meios de produção era comunal e estatal, fruto da união de vários tribos em única cidade, e a força-de-trabalho vinha da mão-de-obra escrava. No feudalismo, surgiu a propriedade feudal ou estamental, e a força de trabalho vinha do campesinato servil. No moderno capitalismo, que surgiu do comércio urbano da Idade Média e cuja produção principal não é mais agrícola e sim mercantil, a propriedade dos meios de produção é privada, e seus donos formam a chamada burguesia. A força-de-trabalho vem, aqui, dos trabalhadores assalariados, os proletários.

 Cada um desses períodos, portanto, apresenta relações de produção específicas -- embora a divisão da sociedade em classes, isto é, grupos com papel determinado na produção, exista em todos eles, assim como a luta entre esses grupos, uma vez que seus interesses divergem --, que compõem a estrutura de uma sociedade. Dessa estrutura formam-se as superestruturas, como o direito, a religião, a moral etc, naturalmente conservadoras e nas quais se expressa a luta de classes citada acima. Quando a estrutura gera necessidades sociais que já não são mais satisfeitas pelas velhas instituições (ou seja, pelas superstruturas), ocorre uma transformação violenta que põe estas abaixo; é a revolução. Lênin, líder da revolução russa, identificou 4 condições mínimas necessárias para a eclosão da revolução:

1 - A ocorrência de dificuldades econômicas para a sobrevivência da ampla maioria social;
2 - A disposição da massa para reagir contra as dificuldades presentes;
3 - A existência de uma vanguarda política organizada;
4 - A divisão política da classe dominante configurando uma crise no vértice da estrutura social.

 À primeira vista, o materialismo histórico pode parecer uma espécie de determinismo, mas não o é; o próprio Marx critica o materialismo determinista nas Teses Ad Feuerbach. Marx defende o conceito de práxis, uma união entre teoria e prática que analisa a realidade para transformá-la.  A obra do próprio Marx - como O Capital - investigava o capitalismo para descobrir os caminhos que levariam este ao seu fim e para politizar os trabalhadores por meio da explicação da explicação de como se dá a exploração dos trabalhadores nesse sistema.

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