sábado, 16 de novembro de 2013

Estamos perdendo nossa identidade?

 Nesse momento, somos 7 bilhões de pessoas sobre a Terra. Com uma taxa de crescimento altíssima (vale lembrar que em 1950 éramos 2,5 bilhões, ''apenas''), podemos dizer que, em breve, enfrentaremos os problemas da superpopulação, se é que já não estamos enfrentando. Mas não quero falar sobre isso. Não, não, quero falar de outro problema relacionado ao desenvolvimento: a perda da nossa identidade no mundo globalizado.

  A partir da 1ª Revolução Industrial, a maior parte da população-o proletariado-passou a exaurir-se na venda de sua força de trabalho, apenas para obter o dinheiro mínimo para sobreviver e sem sequer poder usufruir dos resultados de seu próprio trabalho nas indústrias primitivas. Foi mais ou menos o que Karl Marx chamou de Trabalho Alienado. As péssimas condições de trabalho da época foram a força impulsionadora para o surgimento dos movimentos sindicais porvir, influenciados pelas ideias de Marx. Após mais de um século de movimento operário, as condições do trabalhador melhoraram, em questão de saúde, lazer e educação etc¹. Hoje porém, nesse redemoinho que é a sociedade de consumo, o cidadão comum sofre com um novo mal, a superficialização da própria identidade.

 Desde crianças, estamos cercados por todo tipo de propaganda consumista, mesmo que ainda não estejamos em condições ideais para decidir o que de fato precisamos². Não que o consumo elevado seja, propriamente, um mal; ele parece ser uma característica intrínseca dos países desenvolvidos. Mas será que é ideal seguirmos esse tipo de desenvolvimento? O problema do consumo excessivo é que, além da enorme quantidade de resíduos gerado, os consumidores perdem sua singularidade, tornam-se iguais à todo mundo, uma massa de manobra focada em comprar. O mercado lança um produto-um carro novo, um celular novo, uma roupa nova-e logo faz seu marketing, alavancando-o à um status que é risível para qualquer pessoa com um olhar crítico: quem tem x é top, é cool, é diferente dos outros mortais; E nós, o proletariado orwelliano, caímos como uma ovelhinha. Ridículo, eu sei. Mas é o que acontece, todo ano.

 E nesse turbilhão de superficialização, onde o objetivo máximo da população é ter o produto da moda (seja o novo galaxy, o tênis daquela marca insuperável ou mesmo um corpo sarado), o indivíduo em si vai ficando desbotado. Oras, se só é legal ter aquilo que todo mundo quer, por quê ser original? Por quê ter características próprias?

 Não há mais originalidade entre as pessoas. Tudo o que fazemos é copiar os modelos pré-existentes, sem inovar. A consequência final disso tudo-isto é, da generalização do pensamento único-é um povo alienado, cujas pessoas pouco diferem umas das outras. Aos poucos, há também uma despreocupação com a manutenção do status quo (''pra quê realizar reformas sociais, se eu finalmente estou ficando rico?'', diz a nova direita intelectual brasileira, que ainda por cima deseja eliminar alguns benefícios sociais já existentes, conseguidos com muita luta), e uma  despolitização da juventude, como se demonstra pelas recentes manifestações: uma massa foi à rua, completamente desorganizada, reclamando de tudo e sem apresentar solução pra nada. E, quando  membros da juventude de certos partidos (estes com uma chance maior de mudar as coisas) quiseram se juntar ao movimento, foram expulsos a tapas. Não surpreende que as manifestações tenham esfriado em tão pouco tempo. A maioria daqueles jovens não estavam realmente preocupada em mudar o Brasil. Foram para a rua porque todo mundo estava indo. Foram para a rua porque participar das manifestações era o novo produto da moda.

 É nesse contexto de imbecilização e aculturação, auxiliado por uma mídia manipuladora, que vamos perdendo nossa identidade, seja a nacional, regional ou pessoal. Precisamos recuperar o que é nosso, ou mais que isso: precisamos recuperar o nosso próprio ''eu''. Precisamos discutir ideias, questionar dogmas, apresentar soluções. Precisamos enterrar para sempre os velhos ''x ou y não se discute''. Precisamos ser originais, autônomos, tanto nas artes como na ciência e na política. Que os grupos opressores temam diante de uma revolução democrática! Os cidadãos nada tem a perder a não ser suas algemas. Eles têm um mundo a ganhar. Brasileiros de todo o país, uni-vos!

NOTAS

1- Infelizmente, em muitos lugares do mundo, as crianças ainda sofrem com o trabalho infantil, e em condições até similares aos das primeiras indústrias inglesas. Leia mais aqui:
http://www.historyextra.com/book-club/childhood-and-child-labour-british-industrial-revolution

2- Segundo Noam Chomsky,''os Estados Unidos simplesmente passaram a dirigir países como o Brasil, que há cerca de 50 anos tem sido controlado por tecnocratas norte-americanos. Com o peso dos seus recursos já deveria ser um dos países mais ricos do mundo, e já teve as taxas de desenvolvimento mais altas. No entanto, devido à influência norte-americana no seu sistema econômico e social, está situado perto da Albânia e do Paraguai em termos de qualidade de vida, mortalidade infantil, etc''. Lembre agora do fato de a Rede Globo ter feito alianças com a ditadura militar, e esta, com o governo dos Estados Unidos. Lembre da enorme puxação de saco das grandes figuras da mídia brasileira (como a nojenta Veja) para o país norte-americano. Lembre da instalação do neo-liberalismo e da privatização desenfreada de certos grupos políticos nos anos 80-90. A maior parte do nosso mercado está dominado por produtos estrangeiros. E olha que Chomsky falou isso por volta de 1994...

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

25 frases de Einstein que todos deveriam conhecer

...e mais outras 5, só pra provocar:

1-A religião do futuro será cósmica e transcenderá um Deus pessoal, evitando os dogmas e a teologia. Abrangendo os terrenos material e espiritual, essa religião será baseada num certo sentido religioso proveniente da experiência de todas as coisas, naturais e espirituais, como uma entidade expressiva ou como a expressão da Unidade.

2-Saber que existe algo insondável, sentir a presença de algo profundamente racional, radiantemente belo, algo que compreendemos apenas de forma rudimentar-esta é a experiência que constitui a atitude genuinamente religiosa. Neste sentido, e somente neste sentido, eu pertenço aos homens profundamente religiosos.

3-O característico do homem religioso consiste no fato de ter se libertado das algemas de seu egoísmo, construindo, por seu modo de pensar, sentir e agir, um mundo de valores suprapersonais, aprofundando e ampliando cada vez mais o seu impacto sobre a vida.

4-Nas crianças reside a esperança do mundo.

5-Aceito o mesmo Deus que Spinoza chama de alma do universo. Não aceito um Deus que se preocupe com nossas necessidades humanas.

6-Talvez algum dia a solidão venha a ser adequadamente reconhecida e apreciada como mestra da personalidade. Há muitos que os orientais o sabem. O indivíduo que teve a experiência da solidão não se torna vítima da sugestão das massas.

7-Meu ideal político é a democracia. Seja cada homem respeitado como indivíduo, e ninguém idolatrado.

8-Os gênios religiosos de todas as épocas têm-se distinguido do comum dos mortais por uma espécie de sentimento religioso cósmico, que não conhece dogmas nem concebe um Deus à imagem do homem. Por isso não pode haver igrejas cujos ensinamentos centrais se apoiem nesse sentir. Será, portanto, entre os heréticos de todas as épocas que vamos encontrar homens impregnados do mais elevado sentimento religioso, considerado por seus contemporâneos ora como ateus, ora como santos. Através desse prisma, homens como Demócrito, Francisco de Assis e Spinoza estão muito próximos uns dos outros.

9-A paz é a única forma de realmente nos sentirmos humanos.

10-Nós, cientistas, acreditamos que o que nós e nossos semelhantes fizermos ou deixarmos de fazer nos próximos anos determinará o destino de nossa civilização. E consideramos nossa tarefa explicar incansavelmente essa verdade, ajudar as pessoas a perceber tudo aquilo que está em jogo, e trabalhar, não para contemporizar, mas para aumentar o entendimento e conseguir, finalmente, a harmonia entre povos e nações de diferentes pontos de vista.

11-Há apenas um caminho para a paz e para a segurança: o da organização supranacional. O armamentismo unilateral, em base nacionalista, apenas intensifica a incerteza e a confusão generalizadas, sem constituir-se uma proteção eficaz.

12-Quanto mais avança a evolução espiritual da humanidade, tanto mais certo me parece que o caminho para a religiosidade genuína não passa pelo medo da vida, nem pelo medo da morte, nem pela fé cega, mas pelo esforço por atingir o conhecimento racional. Neste sentido, creio que o sacerdote tem de se tornar professor, se deseja fazer jus à sua sublime missão educativa.

13-Através dos livros científicos populares, logo me convenci de que muitas das histórias da Bíblia  não podem ser verdadeiras. A consequência de tal fato foi uma positiva atividade fanática pela liberdade de pensamento, junto com a impressão de que os jovens estão sendo intencionalmente ludibriados.

14-A humanidade se apaixona por finalidades irrisórias que têm por nome a riqueza, a glória, o luxo. Desde moço já as abominava.

15-Neste momento da história da Vida, a compreensão das relações causais mostra-se limitada e o espírito humano tem de inventar seres mais ou menos à sua imagem. Transfere para a vontade e o poder deles as experiências dolorosas e trágicas de seu destino. Acredita mesmo poder obter sentimentos propícios desses seres pela realização de ritos ou de sacrifícios. Porque a memória das gerações passadas lhe faz crer no poder propiciatório do rito para alcançar as boas graças de seres que ele próprio criou.

16-A violência fascina os seres moralmente fracos. Um tirano vence por argúcia, mas seu sucessor será sempre rematado canalha. Por esta razão, luto sem tréguas e apaixonadamente contra os sistemas dessa natureza.

17-Detesto com todas as forças o heroísmo obrigatório, a violência gratuita e o nacionalismo exacerbado. A guerra é a coisa mais desprezível que existe. Preferiria deixar-me assassinar a participar dessa ignomínia.

18-Não posso imaginar um Deus a recompensar e a castigar o objeto de sua criação. Não posso fazer ideias de um ser que sobreviva à morte de seu corpo. Se semelhantes ideias germinam em um espírito, para mim ele é um fraco, medroso e estupidamente egoísta.

19-O espírito cientifico, fortemente armado com seu método, não existe sem a religiosidade cósmica. Ela se distingue da crença das multidões ingênuas que consideram Deus um ser de quem esperam benignidade e do qual temem o castigo.

20-A ideia do rebanho humano me leva a falar da pior excrescência do espírito humano: o militarismo, que eu detesto. Se alguém é capaz de marchar em fila com prazer, ao som de uma banda, basta para merecer meu desprezo.

21-Evidentemente, nós existimos para nossos semelhantes--em primeiro lugar, para as pessoas queridas de cujos bem-estar e sorrisos depende nossa felicidade; depois, para todos esses seres que não conhecemos pessoalmente, aos quais, entretanto, estamos ligados pelos laços de simpatia e fraternidade humanas.

22-A razão é fraca naturalmente, quando defrontada como sua tarefa infindável. Fraca realmente, se comparada às loucuras e paixões da humanidade, as quais, temos de admitir, quase inteiramente controlam o nosso destino humano, nas grandes e pequenas coisas. No entanto, a obra do entendimento sobrevive às gerações barulhentas e espalha luz e calor através dos séculos.

23-A inteligência e o caráter das massas são incomparavelmente inferiores à inteligência e ao caráter dos poucos que produzem algo de valor para a comunidade.

24-A ciência não apenas purifica o espírito religioso do azinhavre de seu antropomorfismo, mas contribui também para uma espiritualização religiosa de nossa compreensão.

25-Enquanto existirem exércitos, qualquer desentendimento mais sério nos levará à uma guerra. Um pacifismo que não tenta impedir as nações de se armar é e será um pacifismo impotente. 

26-Sou um descrente profundamente religioso. Isso é, de certa forma, um novo tipo de religião.

27-Jamais imputei à natureza um propósito ou um objetivo, nem nada que possa ser entendido como entendido como antropomórfico. O que vejo na natureza é uma estrutura magnífica que só compreendemos de modo muito imperfeito, e que não tem como não encher uma pessoa racional de um sentimento de humildade. É um sentimento genuinamente religioso, que nada tem a ver com misticismo.

28-A ideia de um deus pessoal me é bastante estranha, e me parece até ingênua.

29-É claro que era mentira o que você leu sobre minhas convicções religiosas, uma mentira que está sendo sistematicamente repetida. Não acredito num deus pessoal e nunca neguei isso, e sim o manifestei claramente. Se há algo em mim que possa ser chamado de religioso, é a admiração ilimitada pela estrutura do universo, do modo como a ciência é capaz de revelar.

30-A palavra ''Deus'' para mim nada mais é do que a expressão e produto da fraqueza humana, e a bíblia uma coleção de lendas honradas, mas ainda sim primitivas, que são bastante infantis.
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Fontes das afirmações:

O pensamento vivo de Einstein, editora Martin Claret.
Einstein e a religião, Max Jammer.
Carta-resposta ao filósofo Eric Gutkind, escrita (por Einstein) em 1954.