sábado, 2 de abril de 2016

Keynes sobre a redução dos salários nominais como tática para reduzir o desemprego

O jovem Keynes e seu bigodinho sexy

''Para refutar a conclusão sumária de que uma redução dos salários nominais aumentaria o emprego 'porque reduz o custo de produção', talvez seja útil seguir o curso dos acontecimentos na hipótese mais adequada a este raciocínio, isto é, que os empresários esperam que a redução dos salários nominais produza esse efeito. Sem dúvida, não é improvável que o empresário individual, vendo diminuir seus próprios custos, comece negligenciando efeitos sobre a demanda de seu produto e atue baseado na hipótese de que será capaz de vender com lucro uma produção maior que a de antes. Se os empresários em geral regularem sua atitude baseando-se nesta expectativa, conseguirão eles, na realidade, aumentar os seus lucros? Somente se a propensão marginal a consumir da comunidade for igual à unidade, de modo que não haja lacuna entre o incremento dos rendimentos e o incremento do consumo; ou então se houver um aumento no investimento que corresponda à lacuna existente entre o incremento da renda e o incremento do consumo, o que só acontecerá no caso de a curva das eficiências marginais do capital ter aumentado relativamente à taxa de juros. Desse modo, os resultados obtidos com o aumento de produção desanimarão os empresários, e o emprego voltará, outra vez, ao seu nível anterior, salvo se a propensão marginal a consumir for igual à unidade ou a redução dos salários nominais resultar num aumento da escala das eficiências marginais do capital em relação à taxa de juros e, portanto, no montante do investimento. Se os empresários oferecem bastante emprego, admitindo-se que possam vender sua produção ao preço previsto, para que, das rendas correspondentes a esse emprego, o público retire poupança superior ao investimento correspondente, os empresários arriscam-se a sofrer um prejuízo igual à diferença; este será o caso, seja qual for o nível dos salários nominais. Na melhor das hipóteses, a data do seu desapontamento apenas será retardada por um intervalo de tempo no qual os seus próprios investimentos para acréscimo do capital circulante estiverem preenchendo a lacuna.''

Teoria geral do emprego, do juro e da moeda, capítulo XIX (''Variações nos salários nominais'').

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