sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Trecho de ''Mensagem do Comitê Central para a Liga dos Comunistas''



 ''Longe de desejar a transformação revolucionária de toda a sociedade em benefício dos trabalhadores revolucionários, a pequena-burguesia democrata tende a uma mudança de ordem social que possa tornar a sua vida, na sociedade atual, mais cômoda e  confortável. Por isso, reclama em primeiro lugar uma redução dos gastos do Estado por meio de uma limitação da burocracia e do deslocamento das principais cargas tributárias para os ombros dos grandes proprietários de terra e burgueses. Exige, ademais, que se ponha fim à pressão do grande capital sobre o pequeno, pedindo a criação de instituições de crédito do Estado e leis contra a usura, com o que ela e os camponeses teriam a possibilidade de obter, em condições favoráveis, créditos do Estado, em lugar de serem obrigados a pedi-los aos capitalistas; ela pede, igualmente, o estabelecimento de relações burguesas no campo, mediante a total abolição do feudalismo. Para levar a cabo tudo isso, precisa de um regime democrático, seja constitucional ou republicano, que dê maioria a ela e a seus aliados, os camponeses, e autonomia democrática loca, para que ponha nas suas mãos o controle direto da propriedade comunal e uma série de funções desempenhadas hoje em dia pelos burocratas.

 Os democratas pequeno-burgueses acham também que é preciso se opor-se ao domínio e ao rápido crescimento do capital, em parte limitando o direito de herança, em parte pondo nas mãos do Estado o maior número possível de empresas. No que toca aos operários, continua indubitável que devem continuar sendo operarários assalariados; os pequeno-burgueses democratas apenas desejam que eles tenham salários mais altos e uma existência mais garantida e esperam alcançar isso facilitando, por um lado, trabalho aos operários, através do Estado, e, por outro, com medidas de beneficência. Em resumo, confiam em corromper o proletariado com esmolas mais ou menos veladas e debilitar sua força revolucionária por meio de melhoria temporária da sua situação. Nem todas as frações da democracia pequeno-burguesa defendem todas as reivindicações que acabamos de citar. Tão-somente uns poucos democratas pequeno-burgueses consideram seu objetivo o conjunto dessas reivindicações. Quanto mais avançam alguns indivíduos ou frações da democracia pequeno-burguesa, tanto maior é o número dessas reivindicações que apresentam como suas, e os poucos que vêem no acima exposto o seu próprio programa supõem, certamente, que ele apresenta o máximo que se pode exigir da revolução.  Mas essas reivindicações não podem satisfazer de modo algum o partido operário.

 Enquanto os pequeno-burgueses querem concluir a revolução o mais rapidamente possível, depois de terem obtido, no máximo, os reclamos supramencionados, os nossos interesses e as nossas tarefas consistem em tornar a revolução permanente até que seja eliminada a dominação de classes mais ou menos possuidoras, até que o proletariado tome o poder conquiste o poder do  Estado, até que a associação dos proletários se desenvolva, não só num país, mas em todos os países predominantes no mundo, em proporções tais que cessa a concorrência entre os proletários desses países, e até que pelo menos  as forças produtivas decisivas estejam concentradas nas mãos do proletariado. Para nós, não se trata de reformar a propriedade privada, mas de aboli-la; não se trata de atenuar os antagonismos de classes, mas de abolir as classes; não se trata de melhorar a sociedade exigente, mas de estabelecer  uma nova.''

K. Marx e F. Engels, março de 1850.

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